Especial da Copa do Brasil






    Caxias do Sul está em festa. O alvi-verde da serra gaúcha conquistou o Brasil. Na tarde deste dia 27 de junho, o Juventude empatou com o Botafogo e sagrou-se campeão da 11ª edição da Copa do  Brasil, assegurando com isso o direito de disputar a taça Libertadores da América no próximo ano. Mais do que isso, o título é o mais importante da história do clube esmeraldino.

Torcedor abraça Valmir Louruz no aereoporto após a conquista. Há 5 anos atrás, o clube, nacionalmente, quase não tinha expressão. Com a chegada da Parmalat, cresceu o investimento e os resultados vieram sistematicamente. Em 94, o Juventude conquistava o título de campeão brasileiro da Segunda divisão. Em 97, foi o 5º colocado do Campeonato Brasileiro, garantinho vaga na Commebol sul americana. No ano passado, desbancou o Inter na final do Gauchão, quebrando a hegemonia de 44 anos da dupla Gre-Nal. Neste ano, o título da Copa do Brasil só vem a confirmar a ascensão do Esporte Clube Juventude como clube de futebol.
    O título foi conquistado à maneira gaúcha: com muita pegada, força, garra e pouca facilidade. Para erguer a taça, o time do técnico Valmir Louruz teve que passar por grandes clubes do futebol brasileiro como Corinthians, Bahia, Fluminense e Inter. Os dois últimos foram goleados por 6 a 0 e 4 a 0, respectivamente. Mas estes foram apenas 10 dos 25 gols marcados pela equipe esmeraldina que ficou com o melhor ataque da competição. Também, pudera. Além das duas goleadas, o time marcou 4 gols no Bahia, 3 no Corinthians e 5 no Guará.
    O Guará, aliás, foi a primeira vítima. Para acabar com ela, o Juventude só precisou de um jogo. Venceu em Brasília por 5 a 1 e, como prevê o regulamento, eliminou a equipe da capital brasileira sem precisar da segunda partida. Era o início de uma conquista heróica. O segundo jogo foi contra o Fluminense. O clube carioca ainda venceu a primeira partida por 3 a 1, o que dava uma boa vantagem. Ninguém imaginava, entretanto, o que estava por vir. O Juventude aplicou 6 a 0 no tricolor e passou a enfrentar o Corinthians.
    O clube paulista não foi páreo pro Juventude. Foram dois jogos e duas vitórias. A primeira, no Jaconi, por 2 a 0. A segunda, em São Paulo, por 1 a 0 com gol de Márcio. Chegava a hora das quartas de finais, contra o Bahia. Não haveria erro em afirmar que este foi o mais difícil combate para os jogadores do Ju. Dois empates em 2 a 2 levaram a decisão para os pênaltis. Mas o alvi-verde soube aproveitar melhor as cobranças e foi decidir a vaga nas finais contra o Internacional.

Maurílio cobra falta em um dos confrontos com o Inter. A torcida do colorado mostrou-se apreensiva com o clássico. Afinal, o Juventude sempre foi a pedra no sapato do Inter. Pois foi o Ju que tirou a invencibilidade de 14 jogos no Brasileiro em 97. Foi o Ju que tirou o título gaúcho das mãos coloradas em 98. Foi o Ju que eliminou o Inter da Copa Sul em 99. Seria o Ju, também, quem tiraria o Inter da Copa do Brasil em 99. E não só isso. Depois do empate sem gols em Caxias, o Juventude impôs ao Inter, diante de 80 mil torcedores no Beira Rio, a goleada de 4 a 0. Ali estava um time com cara de campeão.
    Tudo se confirmou duas semanas depois. O Juventude enfrentou o Botafogo no Alfredo Jaconi e conseguiu a vantagem do empate para o Maracanã. Mas o 2 a 1 construído dentro de casa era perigoso. O Botafogo achava que podia fazer 1 a 0 e levar o título para Caio Martins. Estava enganado. O Esporte Clube Juventude soube suportar a pressão carioca e segurou o empate. Era o título. O Juventude pinta o Brasil de verde e branco e escreve seu nome na galeria dos campeões da Copa do Brasil, e sendo assim, no ápice da pirâmide do futebol brasileiro.


A FINAL

O time da final. JUVENTUDE

Émerson; Marcos Teixeira, Picoli, Índio e Dênis; Lauro (kiko), Roberto, Flávio e Mabília (Gil Baiano); Maurílio e Márcio (Alcir). Técnico: Valmir Louruz

BOTAFOGO

Vágner; Fábio Augusto (Leandro), Jorge Luis, Bandoch e César Prates; Júnior, Reidner, Caio (Rodrigo) e Sérgio Manoel; Bebeto (Felipe) e Zé Carlos. Técnico: Gílson Nunes

Local: Maracanã
Horário: 17h
Placar 0 x 0
Cartões Amarelos: Fábio Augusto (B) e Roberto (J).
Árbitro: Antônio Pereira da Silva


O CRAQUE

O capitão Flávio. Flávio Henrique de Paiva Campos
Nascimento: 29.8.65
Local: Rio de Janeiro (RJ)
Posição: Volante
Peso: 84kg
Altura: 1.90m
Equipes: Olaria, Flamengo, São Paulo, Guarani, Vasco, Gamba Osaka, Bragantino, Juventude, Kioto Sanga, América-SP.

    O maior destaque do Juventude veste a braçadeira de capitão do clube caxiense há mais de 2 anos. Qualidades para tanto, não faltam. Além da personalidade forte, Flávio é um exemplo de profissional. A experiência é outra marca do jogador de 33 anos que já passou por vários clubes do futebol mundial. Já foi campeão brasileiro por outras duas vezes, no Flamengo em 87 e no São Paulo em 89. Conquistou estaduais pelas equipes do Juventude, São Paulo e Vasco da Gama. Mas o coração do carioca Flávio ficou mesmo em Caxias, cidade onde prometeu fixar residência. Depois da carreira como jogador, pretende virar técnico e comandar, desta vez de fora, grandes equipes do futebol brasileiro.


O MAESTRO

Valmir Louruz, o Maestro

    Ninguém estará exagerando ao afirmar que o maior responsável pela conquista inédita do clube esmeraldino é o porto-alegrense Valmir Louruz, de 52 anos, técnico do clube desde o início deste ano. O técnico obtem uma de suas maiores conquistas no clube em que iniciou a carreira, em 1980.  Já naquele ano, seria campeão da Copa Governador. Daí iria para Alagoas, ser bi-campeão estadual pelo CSA nos anos seguintes. Em 89, conquistava o Baianão pelo Vitória. Levantou taças também no Kuwait, como campeão do Pré-Olímpico da Índia, e conquistou a League Yamazaki Nabisco pelo Jubilo Iwata, do Japão. Lá seria eleito o melhor treinador do ano passado. Convidado por Milton Scola para dirigir o Juventude em crise da Copa Sul no início do ano, Louruz assumiu a equipe caxiense e fez o time subir de produção. Foi o responsável, aliás, pela eliminação do Internacional da Copa Sul e da Copa do Brasil. Trabalhou ainda no Caxias, Náutico, Londrina, Brasil-RS, Santa Cruz, Tuna Luso e Pelotas. A conquista com o Juventude confirma a sua condição de um dos melhores técnicos do país.


O CAMPEÃO

Data de Fundação: 29 de junho de1913
Local: Caxias do Sul, RS
Presidente: Milton Scola
Departamento de Futebol: Túlio Cunha Lima
Técnico: Valmir Louruz
Preparador Físico: Álvaro Peixoto
Material Esportivo: Umbro
Patrocinador: Parmalat
Primeiro Uniforme: Camisa com listras alvi-verdes verticais, calção branco e meias brancas
Títulos: 1 Copa do Brasil (99), 1 Brasileiro Série B (94) e 1 Estadual (98)
Grandes jogadores do passado: Levir, Freitas, Roberto e Plein.
Estádio: Alfredo Jaconi
Capacidade: 30.519 pessoas


A CAMPANHA

11 jogos, 6 vitórias, 3 empates, 1 derrota, 25 gols-pró, 9 gols contra, saldo de 16 gols.

Guará 1x5 Juventude
Fluminense 3x1 Juventude
Juventude 6x0 Fluminense
Juventude 2x0 Corinthians
Corinthians 0x1 Juventude
Juventude 2x2 Bahia
Bahia 2x2 Juventude (Juventude classificado nos pênaltis)
Juventude 0x0 Internacional
Internacional 0x4 Juventude
Juventude 2x1 Botafogo
Botafogo 0x0 Juventude


Clique aqui para ver os depoimentos de alguns colunistas após a inédita conquista.
Clique aqui para ver mais detalhadamente a campanha do Ju Campeão


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